domingo, 10 de novembro de 2013

Identidade.


(FOTO: http://www.flickr.com/photos/17411454@N05/2190558121/in/photolist-4kzbBt-4mXkkU-4v3NHW-4FibH7-56x5q4-56Beww-56BeKq-5hrUAk-5uPgn4-5VkjTE-65tWnX-6fNpnu-6xHfSJ-6GKGTu-6YMfF8-7dQMup-7eacCn-7ee68A-7enuqu-7frcrA-7jEVj9-7nUbc8-7nUPRK-7nY3Su-7nYHAQ-7qWeo6-7r1aEw-7uMjSC-7uXUu9-7vBQif-7x1Dce-7x1Dmv-7x332N-7x33fm-7x33th-7x5sys-9sQt9r-boLFDM-boLFxD-bubaT1-baRPgp-baRM8P-baRNHZ-baRQdn-bH5YBK-bmSa2R-7Dk5BT-8oijQk-8oVR5L-8omw7d-8oSFRg)

Só fui capaz de entender minha natureza interna depois que aprendi que 70% do corpo humano é composto por água. Sou feita de um mar sem fim.

E a minha pele seria como a areia que permeia este mar, que o limita, o enfeita, o envolve, mas que não é nada diante de sua imensidão, pois a verdadeira cor está ali.

Porque sem o mar, a areia pode ser clara, escura, limpa, macia, mas não consegue deixar de ser apenas um amontoado de pedras minúsculas, que se esquentam com a menor variação do sol.

O mar não. A água que transborda pelo meu corpo veio para mostrar quem é o real dono desta propriedade impagável. É quem refresca e quem protege a areia de se transformar em brasa.

Foi só quando compreendi que é o mar que torna uma praia completa, é que resolvi adentrar-me em sua extensão incalculável. Cansara-me de ficar estirada na areia, à espera da onda perfeita, e resolvera pular no mar.

Resolvi assumir que sou este vai-e-vem eterno de águas, em que a maré depende da Lua, e sofre com a ressaca. Perdi o medo de ir mais além, de sair da água beira-mar transparente e fui para o seu centro: o azul escuro negro.

Eu que me arrepiava ao imaginar em como seria estar ali, sozinha, sem bote ou colete salva-vidas, entendi que não havia ninguém que pudesse me salvar de mim.

Não existiria forma compreensível pelo homem capaz de tirar a pessoa daquilo que ela realmente é. Não para sempre.

E eu sou o azul escuro negro, o vai-e-vem de ondas eterno, sou a imprevisão que sem mais, nem menos, envia a maré baixa à praia.

Maré baixa que é só uma ilusão, um conforto de calmaria, que vem para enganar quem está na praia. Pois quando esta fica silenciosa, em paz, é porque a tsunami está para chegar.

E é de repente, imotivada, que a água que flui e que preenche cada parte humana minha, transforma-se em um turbilhão de forças impossíveis de segurar.

Às vezes sou esta onda gigante também. Às vezes sou este tsunami sua transborda e que derruba tudo aquilo que demorou a se construir. Invade, derruba, destrói, termina, rompe. E em poucos minutos, aquilo que era paraíso, torna-se destruição.

Fiquei inúmeras vezes decepcionada com o mar que imprevisivelmente transformava-se em arma. Que vinha sem avisar para tornar tudo um deserto,  em somente areia e mar.

Contudo, hoje, ao olhar a minha praia particular, percebo que nem tudo a onda gigante foi capaz de levar embora. Ainda existe vida aqui. Coqueiros permaneceram intactos, e o mar que até pouco era tsunami, voltou a ser tranquilidade e maresia.

Hoje sei que a tsunami quando vem, vem para me salvar. Para renovar os lugares que precisam ser preenchidos de qualquer coisa que seja nova, e para manter intacto somente aquilo que tem um alicerce seguro em minha terra. Somente aquilo que se dá bem com o mar.

É a tsunami minha melhor amiga distante, com quem raramente encontro, mas que nunca deixo de ter a certeza que uma hora aparecerá.

Porque a regra a de minha natureza, de minha identidade, é uma só: maré baixa vai, e tsunami, e tsunami vem...



10 comentários:

  1. QUE DESCRIÇÃO MARAVILHOSA .....E QUE PROFUNDIDADE "entendi que não havia ninguém que pudesse me salvar de mim " MIL BEIJOS, PARABENS PELO SEU DOM DE ESCREVER ..... TE AMO SEMPRE, MAMAE

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  2. Lindo, Nega...Um retrato de sua alma sensível e em busca de renovações e crescimento...uma busca sem medo, ganhando consciência...ganhando forças...para ir mais longe...para enfrentar os tsunamis do caminho...beijooos

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  3. Menina, que bom você ter voltado a escrever. E, retratando tão bem não só o seu eu, mas o de toda a humanidade, provoca no leitor a necessidade de reflexão. Muitas vezes revoltamo-nos por um obstáculo não vencido, por uma perda, por um insucesso, porém, mais tarde, passado o ápice da decepção, raciocínio organizado, vemos que podemos fazer melhor, conquistar mais e suportar as perdas, os tsunâmis da vida.
    Parabéns, Jéssica
    Bjins da Cleusa

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  4. Eis preciso na maré o sentirmo-nos como é.
    GK

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  5. Gugu Keller11 de novembro de 2013 18:54
    Eis preciso na maré o sentirmo-nos como é.
    GK

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  6. domingo, 10 de novembro de 2013

    Identidade.


    (FOTO: http://www.flickr.com/photos/17411454@N05/2190558121/in/photolist-4kzbBt-4mXkkU-4v3NHW-4FibH7-56x5q4-56Beww-56BeKq-5hrUAk-5uPgn4-5VkjTE-65tWnX-6fNpnu-6xHfSJ-6GKGTu-6YMfF8-7dQMup-7eacCn-7ee68A-7enuqu-7frcrA-7jEVj9-7nUbc8-7nUPRK-7nY3Su-7nYHAQ-7qWeo6-7r1aEw-7uMjSC-7uXUu9-7vBQif-7x1Dce-7x1Dmv-7x332N-7x33fm-7x33th-7x5sys-9sQt9r-boLFDM-boLFxD-bubaT1-baRPgp-baRM8P-baRNHZ-baRQdn-bH5YBK-bmSa2R-7Dk5BT-8oijQk-8oVR5L-8omw7d-8oSFRg)

    Só fui capaz de entender minha natureza interna depois que aprendi que 70% do corpo humano é composto por água. Sou feita de um mar sem fim.

    E a minha pele seria como a areia que permeia este mar, que o limita, o enfeita, o envolve, mas que não é nada diante de sua imensidão, pois a verdadeira cor está ali.

    Porque sem o mar, a areia pode ser clara, escura, limpa, macia, mas não consegue deixar de ser apenas um amontoado de pedras minúsculas, que se esquentam com a menor variação do sol.

    O mar não. A água que transborda pelo meu corpo veio para mostrar quem é o real dono desta propriedade impagável. É quem refresca e quem protege a areia de se transformar em brasa.

    Foi só quando compreendi que é o mar que torna uma praia completa, é que resolvi adentrar-me em sua extensão incalculável. Cansara-me de ficar estirada na areia, à espera da onda perfeita, e resolvera pular no mar.

    Resolvi assumir que sou este vai-e-vem eterno de águas, em que a maré depende da Lua, e sofre com a ressaca. Perdi o medo de ir mais além, de sair da água beira-mar transparente e fui para o seu centro: o azul escuro negro.

    Eu que me arrepiava ao imaginar em como seria estar ali, sozinha, sem bote ou colete salva-vidas, entendi que não havia ninguém que pudesse me salvar de mim.

    Não existiria forma compreensível pelo homem capaz de tirar a pessoa daquilo que ela realmente é. Não para sempre.

    E eu sou o azul escuro negro, o vai-e-vem de ondas eterno, sou a imprevisão que sem mais, nem menos, envia a maré baixa à praia.

    Maré baixa que é só uma ilusão, um conforto de calmaria, que vem para enganar quem está na praia. Pois quando esta fica silenciosa, em paz, é porque a tsunami está para chegar.

    E é de repente, imotivada, que a água que flui e que preenche cada parte humana minha, transforma-se em um turbilhão de forças impossíveis de segurar.

    Às vezes sou esta onda gigante também. Às vezes sou este tsunami sua transborda e que derruba tudo aquilo que demorou a se construir. Invade, derruba, destrói, termina, rompe. E em poucos minutos, aquilo que era paraíso, torna-se destruição.

    Fiquei inúmeras vezes decepcionada com o mar que imprevisivelmente transformava-se em arma. Que vinha sem avisar para tornar tudo um deserto, em somente areia e mar.

    Contudo, hoje, ao olhar a minha praia particular, percebo que nem tudo a onda gigante foi capaz de levar embora. Ainda existe vida aqui. Coqueiros permaneceram intactos, e o mar que até pouco era tsunami, voltou a ser tranquilidade e maresia.

    Hoje sei que a tsunami quando vem, vem para me salvar. Para renovar os lugares que precisam ser preenchidos de qualquer coisa que seja nova, e para manter intacto somente aquilo que tem um alicerce seguro em minha terra. Somente aquilo que se dá bem com o mar.

    É a tsunami minha melhor amiga distante, com quem raramente encontro, mas que nunca deixo de ter a certeza que uma hora aparecerá.

    Porque a regra a de minha natureza, de minha identidade, é uma só: maré baixa vai, e tsunami, e tsunami vem...

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  7. domingo, 10 de novembro de 2013

    Identidade.


    (FOTO: http://www.flickr.com/photos/17411454@N05/2190558121/in/photolist-4kzbBt-4mXkkU-4v3NHW-4FibH7-56x5q4-56Beww-56BeKq-5hrUAk-5uPgn4-5VkjTE-65tWnX-6fNpnu-6xHfSJ-6GKGTu-6YMfF8-7dQMup-7eacCn-7ee68A-7enuqu-7frcrA-7jEVj9-7nUbc8-7nUPRK-7nY3Su-7nYHAQ-7qWeo6-7r1aEw-7uMjSC-7uXUu9-7vBQif-7x1Dce-7x1Dmv-7x332N-7x33fm-7x33th-7x5sys-9sQt9r-boLFDM-boLFxD-bubaT1-baRPgp-baRM8P-baRNHZ-baRQdn-bH5YBK-bmSa2R-7Dk5BT-8oijQk-8oVR5L-8omw7d-8oSFRg)

    Só fui capaz de entender minha natureza interna depois que aprendi que 70% do corpo humano é composto por água. Sou feita de um mar sem fim.

    E a minha pele seria como a areia que permeia este mar, que o limita, o enfeita, o envolve, mas que não é nada diante de sua imensidão, pois a verdadeira cor está ali.

    Porque sem o mar, a areia pode ser clara, escura, limpa, macia, mas não consegue deixar de ser apenas um amontoado de pedras minúsculas, que se esquentam com a menor variação do sol.

    O mar não. A água que transborda pelo meu corpo veio para mostrar quem é o real dono desta propriedade impagável. É quem refresca e quem protege a areia de se transformar em brasa.

    Foi só quando compreendi que é o mar que torna uma praia completa, é que resolvi adentrar-me em sua extensão incalculável. Cansara-me de ficar estirada na areia, à espera da onda perfeita, e resolvera pular no mar.

    Resolvi assumir que sou este vai-e-vem eterno de águas, em que a maré depende da Lua, e sofre com a ressaca. Perdi o medo de ir mais além, de sair da água beira-mar transparente e fui para o seu centro: o azul escuro negro.

    Eu que me arrepiava ao imaginar em como seria estar ali, sozinha, sem bote ou colete salva-vidas, entendi que não havia ninguém que pudesse me salvar de mim.

    Não existiria forma compreensível pelo homem capaz de tirar a pessoa daquilo que ela realmente é. Não para sempre.

    E eu sou o azul escuro negro, o vai-e-vem de ondas eterno, sou a imprevisão que sem mais, nem menos, envia a maré baixa à praia.

    Maré baixa que é só uma ilusão, um conforto de calmaria, que vem para enganar quem está na praia. Pois quando esta fica silenciosa, em paz, é porque a tsunami está para chegar.

    E é de repente, imotivada, que a água que flui e que preenche cada parte humana minha, transforma-se em um turbilhão de forças impossíveis de segurar.

    Às vezes sou esta onda gigante também. Às vezes sou este tsunami sua transborda e que derruba tudo aquilo que demorou a se construir. Invade, derruba, destrói, termina, rompe. E em poucos minutos, aquilo que era paraíso, torna-se destruição.

    Fiquei inúmeras vezes decepcionada com o mar que imprevisivelmente transformava-se em arma. Que vinha sem avisar para tornar tudo um deserto, em somente areia e mar.

    Contudo, hoje, ao olhar a minha praia particular, percebo que nem tudo a onda gigante foi capaz de levar embora. Ainda existe vida aqui. Coqueiros permaneceram intactos, e o mar que até pouco era tsunami, voltou a ser tranquilidade e maresia.

    Hoje sei que a tsunami quando vem, vem para me salvar. Para renovar os lugares que precisam ser preenchidos de qualquer coisa que seja nova, e para manter intacto somente aquilo que tem um alicerce seguro em minha terra. Somente aquilo que se dá bem com o mar.

    É a tsunami minha melhor amiga distante, com quem raramente encontro, mas que nunca deixo de ter a certeza que uma hora aparecerá.

    Porque a regra a de minha natureza, de minha identidade, é uma só: maré baixa vai, e tsunami, e tsunami vem...

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  8. domingo, 10 de novembro de 2013

    Identidade.


    (FOTO: http://www.flickr.com/photos/17411454@N05/2190558121/in/photolist-4kzbBt-4mXkkU-4v3NHW-4FibH7-56x5q4-56Beww-56BeKq-5hrUAk-5uPgn4-5VkjTE-65tWnX-6fNpnu-6xHfSJ-6GKGTu-6YMfF8-7dQMup-7eacCn-7ee68A-7enuqu-7frcrA-7jEVj9-7nUbc8-7nUPRK-7nY3Su-7nYHAQ-7qWeo6-7r1aEw-7uMjSC-7uXUu9-7vBQif-7x1Dce-7x1Dmv-7x332N-7x33fm-7x33th-7x5sys-9sQt9r-boLFDM-boLFxD-bubaT1-baRPgp-baRM8P-baRNHZ-baRQdn-bH5YBK-bmSa2R-7Dk5BT-8oijQk-8oVR5L-8omw7d-8oSFRg)

    Só fui capaz de entender minha natureza interna depois que aprendi que 70% do corpo humano é composto por água. Sou feita de um mar sem fim.

    E a minha pele seria como a areia que permeia este mar, que o limita, o enfeita, o envolve, mas que não é nada diante de sua imensidão, pois a verdadeira cor está ali.

    Porque sem o mar, a areia pode ser clara, escura, limpa, macia, mas não consegue deixar de ser apenas um amontoado de pedras minúsculas, que se esquentam com a menor variação do sol.

    O mar não. A água que transborda pelo meu corpo veio para mostrar quem é o real dono desta propriedade impagável. É quem refresca e quem protege a areia de se transformar em brasa.

    Foi só quando compreendi que é o mar que torna uma praia completa, é que resolvi adentrar-me em sua extensão incalculável. Cansara-me de ficar estirada na areia, à espera da onda perfeita, e resolvera pular no mar.

    Resolvi assumir que sou este vai-e-vem eterno de águas, em que a maré depende da Lua, e sofre com a ressaca. Perdi o medo de ir mais além, de sair da água beira-mar transparente e fui para o seu centro: o azul escuro negro.

    Eu que me arrepiava ao imaginar em como seria estar ali, sozinha, sem bote ou colete salva-vidas, entendi que não havia ninguém que pudesse me salvar de mim.

    Não existiria forma compreensível pelo homem capaz de tirar a pessoa daquilo que ela realmente é. Não para sempre.

    E eu sou o azul escuro negro, o vai-e-vem de ondas eterno, sou a imprevisão que sem mais, nem menos, envia a maré baixa à praia.

    Maré baixa que é só uma ilusão, um conforto de calmaria, que vem para enganar quem está na praia. Pois quando esta fica silenciosa, em paz, é porque a tsunami está para chegar.

    E é de repente, imotivada, que a água que flui e que preenche cada parte humana minha, transforma-se em um turbilhão de forças impossíveis de segurar.

    Às vezes sou esta onda gigante também. Às vezes sou este tsunami sua transborda e que derruba tudo aquilo que demorou a se construir. Invade, derruba, destrói, termina, rompe. E em poucos minutos, aquilo que era paraíso, torna-se destruição.

    Fiquei inúmeras vezes decepcionada com o mar que imprevisivelmente transformava-se em arma. Que vinha sem avisar para tornar tudo um deserto, em somente areia e mar.

    Contudo, hoje, ao olhar a minha praia particular, percebo que nem tudo a onda gigante foi capaz de levar embora. Ainda existe vida aqui. Coqueiros permaneceram intactos, e o mar que até pouco era tsunami, voltou a ser tranquilidade e maresia.

    Hoje sei que a tsunami quando vem, vem para me salvar. Para renovar os lugares que precisam ser preenchidos de qualquer coisa que seja nova, e para manter intacto somente aquilo que tem um alicerce seguro em minha terra. Somente aquilo que se dá bem com o mar.

    É a tsunami minha melhor amiga distante, com quem raramente encontro, mas que nunca deixo de ter a certeza que uma hora aparecerá.

    Porque a regra a de minha natureza, de minha identidade, é uma só: maré baixa vai, e tsunami, e tsunami vem...

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  9. Verissimo DISSE... Ainda nas redes sociais???

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  10. AMEI Jéssica .. "Sou feita de um mar sem fim''

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