sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Olá! :) (voltei)

Hoje resolvi quebrar o protocolo: aceitei colocar a caneta entre os meus dedos para que a letra cravasse no papel sem linhas tudo aquilo que preciso lhe dizer.
É que quando lhe escrevo, abro as portas para conversar comigo mesma. Eu que sou você e que não sou "mim" às vezes. Eu que preciso ser alguém escrito e definido como "isto". Como se de repente a vida se tornasse algo tão distinto daquilo que esperava, que preciso agora de um locutor para justificar o meu "olá".
"Olá, Marujo!", assim começaria tal carta se esta não fosse eu querendo falar comigo. Por isso começo com um resumido: "Olá!".
"Olá!" que era pra ser despretensioso o bastante para chamar a atenção, mas que não atingiu o objetivo da palavra-coisa e então tornou-se o que sou.
É bem isso, Marujo! Tornei-me um "olá!". Tornei-me uma palavra de três letras, o ícone da recepção formal.
Porque agora me encontro em uma nova fase: a de me desamarrar...
Como um escravo alforriado pela bondade da lei humana, tornei-me livre das amarras quando pude ser eu mesma.
Que engraçado, não é mesmo?
Primeiro fui live para depois ser um ser livre. Primeiro veio o verbo "fui", para depois vir o verbo "ser".
Seguindo a linha natural da vida, entendi que primeiro é preciso ir, para depois tornar-me a construção. A eterna busca do ar livre, que nada mais é que o simples exercício de respiração. E expiração. Liberdade é exercício.
Eu, que vivo na confusão de ser tsunami e ser Marujo, resolvi lhe (me) escrever para encontrar a resposta.
E agora, entre riscos e rabiscos deste corpo humano que tem a alma feita de água, concentro-me não mais em buscar. Concentro-me agora apenas no receber... no acontecer... no aparecer..
No "Olá!'.

Bom final de semana a todos! :)