terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

(A MORTÍFERA) Capítulo 04: A Segunda Chance de Delegado Phillip

(FOTO: https://www.google.com.br/search?q=hipnose&biw=1366&bih=643&tbm=isch&source=lnms&sa=X&ved=0ahUKEwi1i42yio7LAhXMIJAKHb9aAKcQ_AUIBygC#imgrc=6agkTBcBW2eAgM%3A)
         


(Para ler o capítulo anterior, clique em: http://www.negaescreve.com.br/2016/02/a-mortifera-capitulo-03-o-corte.html)                 Ah, meus caros, devo lhes dizer que ficara bastante animada. Aquele estava sendo um dia diferente para mim. Não flertava com alguém já fazia um bom tempo.

                   Como sou uma pessoa bem detalhista, gostaria que vocês tivessem cautela ao ler o que lhes escrevo. Quando digo flertar, estou falando no sentido literal da palavra, pois é claro que eu, no auge de minha vida adulta e sem muito com o que me entreter, era uma pessoa cuja vida era sexualmente ativa, contudo, sem aquele desprazer de ter que atuar e me apresentar como uma pessoa que condiga com tudo aquilo que aparentava ser.

                   Mas algo me dizia que Marco valeria a os momentos de fingimento. Havia algo nele que me despertava o interesse, e posso lhes afirmar que não era sua beleza, nem tampouco o fardo que carregava.
                  
                   Entretanto, senti algo enquanto ele conversava comigo que me despertou uma estranha curiosidade.

                   Porque se ele parecia ser um anjo, com certeza ele não seria. Sabia que havia algo obscuro em seu passado, algo que fosse muito grave e que não o permitira se tornar algo além de oficial do exército.

                   Sim, pois quando saí à procura juntamente com todos do acampamento, jurava que estava em busca de um comandante, ou qualquer outro desses cargos de chefia militar que tão pouco entendo. Ninguém no meio de uma guerra civil moveria todo o acampamento em busca de um mero oficial. Ninguém nunca se atreveria referir a um oficial como “a parte mais importante de nossa família”.
                   Então por qual motivo ele nunca subira de posto? Pois qualquer outro, em seu lugar, no mínimo, desistira de tal carreira caso não conseguisse.

                   Sei que o que pensava naquele momento eram apenas pequenas suspeitas, mas alia
das àquele sorriso e bela conversa que tivemos, foram suficientes para que eu investisse nele, e porque não pensasse que aquele soldado poderia se tornar meu novo companheiro.

                   Papai não ia gostar nada de saber daquilo. Contudo, pensaria em me explicar ao Sr. Shadda em outro momento. Agora tinha outra preocupação em mente: libertar Delegado Phillip para viver sua segunda chance.

                   Quando cheguei ao porão de minha casa, Phillip parecia ter perdido suas faculdades mentais. Babava, lacrimejava, e de acordo com o Fiel 04 que ficara com ele durante todo o dia, ele tivera quatro convulsões de dois minutos.

                   Sorri, mostrando os dentes, e pedi para que ele se retirasse. Seríamos só nós dois a celebrar aquele momento. Delegado Phillip seria a comprovação de meus anos de meu experimento: a mente humana poderia sim ser controlada por uma indução bem realizada.

                   Mais uma vez, com um balde de água ao meu lado, fiz a higiene de Phillip, e injetei-lhe a última droga. Bastaria esperar alguns minutos até que ele acordasse. Demorou um pouco até que seus olhos começassem a abrir.
                   Sabia que suas faculdades mentais haviam voltado, mas o fato era que ele nunca mais seria o mesmo. Parecia estar em transe, e as lágrimas escorriam de seu rosto incansavelmente.
                   Phillip ainda estava atado na cama hospitalar, e com auxílio da manivela fiz com que ele se sentasse. Sua cabeça pendia para baixo e agora ele começara a babar.
                   - Ah, Phillip, não fique assim! Sua dor já vai acabar. Vamos começar a falar sobre o que vai acontecer com você em 3, 2, 1...
                   Apertei uma campainha durante trinta segundos. O barulho era um pouco irritante, mas Phillip, pelo contrário, parecia ir tomando consciência e, então, seus olhos ficaram despertos.
                   - Agora sim, Delegado Phillip, podemos começar com o nosso trabalho. – Estava agora sentada ao seu lado, com um caderno onde fazia todas as anotações a respeito de meu estudo. – Você poderia olhar para mim por alguns instantes?
                   Delegado Phillip não hesitou em virar para mim e fixar os seus olhos dentro dos meus.
                   - Preste bem atenção em minha voz, Delegado Phillip, pois você terá de responder muitas perguntas para mim. – coloquei meu caderno de lado, e com as duas mãos, segurei o seu rosto. – Você, a partir de agora, usará todo o conhecimento de seu corpo para lhe responder o que eu lhe perguntar. Não haverá nenhuma pergunta sem resposta, e nenhuma resposta com erros.
                   Eu já estava com meu questionário em mãos, mas o sabia de cor. Perguntei-lhe enormes cálculos, fatos históricos, e inclusive perguntas em outros idiomas. Delegado Phillip, com o olhar completamente aceso, mas com o resto de seu corpo completamente em transe, ia me respondendo seriamente tudo aquilo que lhe perguntava.
                   A primeira droga que havia lhe injetado eram para estimular o seu cérebro, até um ponto em que ele ficasse em tamanha exaustão, necessitando ser comandado para continuar sobrevivendo.
                   A segunda droga era para facilitar a hipnose que fora realizada com o som da campainha. Demorou exatamente dois anos para que eu conseguisse precisar o tom e a duração da campainha para que ela causasse tal efeito.
                   E agora meu projeto estava realizado. Ao vivo e a cores, diante de mim, a prova de que agora eu era dona daquele homem, De corpo e alma.
                   A alegria era tanta que quase desisti de manda-lo de volta para sua casa. Todavia, nunca um sentimento passaria por cima de meus planos, e então prossegui:
                   - Muito bem, Delegado Phillip. Você foi muito bem nas perguntas acima. Agora chegamos a melhor parte: VOCÊ VAI ESQUECER TUDO AQUILO QUE LHE ACONTECEU NESTES ÚLTIMOS TRÊS ANOS. A PARTIR DE AGORA, A ÚNICA COISA QUE VOCÊ VAI SE LEMBRAR É QUE SEU NOME É PHILLIP, QUE SUA FUNÇÃO É DELEGADO, E QUE SUA FAMÍLIA É O BEM MAIS PRECISO QUE LHE EXISTE. Repita o que eu disse.
                   Com a mesma seriedade que teve em todas as perguntas anteriores, Phillip repetiu tudo aquilo que lhe disse, sem expressão nenhuma em seu olhar.
                   Fiz com que ele repetisse por mais de duzentos e cinquenta vezes. Até que, por fim, me senti exausta e o desatei da cama hospital.
                   - Pronto. Agora você vai esperar por uma hora. Vai se levantar desta cama, e vai voltar para sua casa. Ninguém deve ver você neste meio tempo. Ninguém enxergará você até que você volte para sua casa. Repita o que eu disse.
                   Enquanto Phillip repetia, saí do porão e fui até meu quarto. Precisava de um banho urgentemente.
                   E eu, muito satisfeita com o decorrer de meu dia, não esperava por nenhuma surpresa a mais. Desci para a sala de estar e abri um vinho para relaxar, e, com os pés descalços fui até a TV e liguei uma música para que pudesse dançar e comemorar todas as minhas vitórias até então.
                   Fechei os olhos, e permiti deixar que o álcool fizesse o seu efeito entorpecente sobre o meu corpo. Dançava lentamente, e sorria, sorria porque adorava aquela sensação em ter tudo saindo conforme o meu planejado.
                   Quando fui encher a minha taça pela quarta ou quinta vez, ao virar-me em direção da garrafa de vinho, levei um pequeno susto. Eric estava diante de mim, e me observava dançar.
                   - Você não tem ideia da falta que você fez por aqui durante este ano, Marina.
                   - Eric, o que você está fazendo aqui? Esta não é a sua casa. – precisei esforçar-me para conter meu riso. Meu dia parecia melhorar a cada minuto.
                   - Eu sei muito bem que esta não é a minha casa. Vim aqui porque queria saber se o que você falou aquele dia é verdade.
                   - O quê? Que eu ainda o amo? Que não foi fácil para mim ver você se casando com outra pessoa? Que ainda não esqueci os nossos anos de namoro? Sim, Eric, é verdade! Ou alguma vez já me vira mentindo para qualquer pessoa que fosse? – continuei fingindo estar sentida, franzi minha testa, e exaltei a voz ao falar com ele.
                   - Marina, eu jamais...
                   - Não me venha com essa mesma história de novo, Eric. Eu já sei muito bem o que aconteceu. Você me traiu, ela engravidou, e você decidiu que o mais certo era se casar com ela! Tudo isso eu já sei, já ouvi, e já aceitei! Agora eu gostaria de entender o que você ainda está fazendo aqui, diante de mim, dentro da minha casa.
                   - Eu precisava ver você de perto, Marina. – Eric abaixou a cabeça. – Você deve pensar que eu sou um cretino, e que eu nunca pensei em você, mas a verdade é que eu me arrependo profundamente de tudo. Minha intenção nunca foi vê-la sofrer, muito menos perder você. Eu... eu...
                   - Você o quê, Eric?
                   - Eu não estou conseguindo olhar para você e não fazer isso.
                   Eric me puxou pela cintura, como tinha o costume de fazer, e começou a me beijar. E não era aquele beijo terno, que se espera de alguém que ama, que sofre, que sente saudades.
                   Era aquele beijo forte, intenso, de quem deseja, precisa, e se entrega. E eu, claramente me sentindo vingada, beijei-o com vontade também.
                   E quando se trata de dois adultos, meus caros leitores, nós bem sabemos que a conversa nunca termina por aí. Arranquei-lhe a blazer, a camisa e calça, e deixei que ele fizesse o mesmo comigo.
                   Nunca gostei do modo como Eric me tocava, mas como ele sempre fora a pessoa mais adequada para que eu namorasse, fingia que gostava. E naquele dia, meus caros, foi a primeira vez, em anos, que senti, de verdade, o prazer dele em minhas entranhas.
                   Mordíamo-nos, abraçávamos-nos, parecíamos dois loucos apaixonados, mas bem sabem vocês que não o éramos.
                   Ele era ali, o frágil carneiro, que eu, tigre, pantera, leoa, devorava, arrancava pedaços, sangue, gemidos.
                   E de repente, com ele deitado no sofá, eu por cima de seu corpo, e ele atento e acariciando meu seio, vi Phillip nu passando calmamente pela sala, com o olhar fixo na porta de entrada.
                   Voltei a beijar Eric e por fim, deitei em seu peito.
                   - Eu vou voltar hoje para casa e vou dar um jeito em tudo isso, Marina. Nós vamos ficar juntos.
                   - Por favor, Eric, não faça promessas que você não vai conseguir cumprir.
                   - Eu estou falando sério, Marina. Meu filho continuará sendo meu filho independente de qualquer coisa. Mas não posso mais ficar longe de você.
                   Enquanto nos beijávamos, desta vez, de forma terna, o celular de Eric tocou. Era Nicolle, histérica:
                   - ERIC, ONDE É QUE VOCÊ ESTÁ? PARE O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AGORA E VOLTE CORRENDO PARA CASA. VOCÊ NÃO VAI ACREDITAR NO QUE ACONTECEU: O MEU PAI VOLTOU.
                   É, meus amigos, Phillip voltara para casa. Graças a mim. E agora esta história pode começar a pegar fogo.

                   
                   

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