quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

PAUL E MARRIE - Cap. 13: A verdade sobre Marrie



Bom, meu caro leitor, sei que neste exato momento você deve estar sentindo raiva de mim, desejando que eu receba tudo o que há de pior neste mundo. Mas sei também que se você dispôs a ler mais um capítulo desta história, é porque ainda acredita em mim e Marrie. É porque você ainda acredita que eu possa virar o jogo dessa história.

E foi com este exato pensamento, de que eu era capaz de mudar essa história, que segui de carro para o hospital, onde Marrie provavelmente ainda estava sendo examinada.

Estacionei em frente à cafeteria de Sr. Brian, e vi que ele estava na porta, aos prantos, enquanto conversava com dois policiais. Eu sabia que Sr. Brian estava se sentindo culpado pelo o que acontecera com Marrie, por isso desci do carro e fui até ele para dar-lhe um pouco de conforto.

- Quem poderia imaginar, Doutor-Anjo? Que em frente ao hospital, no meio de uma Avenida, algum maluco tivesse a coragem de assaltar esta humilde cafeteria... – dizia ele, ainda muito assustado, enquanto apertava a minha mão. Então fora esta a mentira contada: tentaram assaltar a cafeteria de Sr. Brian, e como não havia dinheiro disponível no caixa, tentaram violentar a pobre e pequena Marrie. Apenas cumprimentei-o firmemente, e segui rápido para o hospital. Sr. Brian não me julgou pela falta de educação, pois sabia que um namorado preocupado estaria desesperado para saber o que aconteceu. Era uma pena que esse namorado jamais pudesse ser a minha pessoa.

Havia mais pessoas na porta do quarto de Marrie do que quando o prefeito de nossa cidade sofrera um infarto. Enfermeiras, funcionários da limpeza, médicos e outros empregados do hospital aglomeravam-se na porta, na esperança de poder entrar e lhe dar uma palavra de consolo. Todos ali queriam, de verdade, o bem de Marrie.

Enquanto me aproximava, automaticamente todos foram se afastando e saindo do quarto, até que nós dois ficamos a sós. Antes de cumprimenta-la, peguei o seu prontuário e li o que haviam escrito sobre o que ocorrera.

- Graças a Deus você não sofreu nenhuma lesão grave, Marrie, sua cabeça vai doer um pouco por alguns dias, mas assim que você tirar os pontos tudo vai ficar bem.

- Eu não aceitei sair deste quarto antes que você viesse me ver, bonitão. Só o parecer de um Anjo-Doutor me daria segurança para sair daqui. – disse Marrie, sorrindo com dificuldade.
- Marrie... – meus olhos se encheram de lágrimas.

- O que foi, bonitão? Foi só um assalto, já está tudo bem comigo. – confortou-me Marrie, segurando uma de minhas mãos.

- Não, Marrie, não foi só um assalto.

- O que você quer dizer com isso, Sr. Paul? – questionou-me Marrie, arregalando os olhos.

- Eu... – comecei a chorar. – eu não consigo encarar você e dizer o que preciso lhe contar, Marrie. Perdoa-me.

- Sr. Paul...

- Me perdoa, Marrie, pelo o amor Deus! Me perdoa... – já estava ajoelhado no chão, aos prantos, incapaz de esconder as lágrimas que jorravam pelo meu rosto. – Apenas diga que me perdoa, por favor.

- Sr. Paul, acalme-se! É claro que eu o perdoo, mas me conte o que está acontecendo.

Eu não conseguia parar de chorar, e sabia que a culpa que sentia naquele momento não iria embora com um simples perdão de Marrie. Eu tinha plena ciência de que tudo o que David me dissera no corredor de seu apartamento era verdade, e que só seria algo diferente de um “covarde” a partir do momento em que minhas atitudes começassem a mudar.

E ali, de joelhos no chão do hospital, comecei a contar tudo para Marrie.

- Eu estava lá, Marrie... eu... eu estava lá. – por causa do meu choro, era um pouco difícil compreender o que eu falava, mas sabia que Marrie entenderia cada palavra daquilo que eu dissesse. – Eu vi tudo o que aconteceu. Eu vi você e vi quando David chegou, eu estava dentro da cafeteria para lhe fazer uma surpresa, eu queria lhe contar que havia rompido com David. Mas quando vi ele atrás de você, eu não sei o que me deu, a curiosidade falou mais alto, e resolvi me esconder para ouvir o que ele iria falar com você. E aí, Marrie, eu vi tudo... eu vi tudo e não fiz nada.

- Paul... – não levantara a cabeça para ver a expressão de Marrie. Tinha medo.

- Marrie, eu amo você. Amo mesmo, eu não consigo pensar em outro sentimento que não seja amor. Não consigo imaginar qualquer outra coisa que consiga me explicar o que me faz sentir o que sinto por você. Mas eu fui um canalha. Um puta de um canalha e covarde. Eu vi tudo e não fiz nada. Eu não mereço o seu amor.

Levantei-me com calma, e mantive a cabeça baixa enquanto me dirigia até a porta. E antes que a abrisse para ir embora, ouvi Marrie dizer com uma voz suave:

- Bonitão, você sabe que está tudo bem, não sabe?

E quando virei, vi que Marrie me observava com uma incerteza em seu olhar, fazendo um leve bico com os seus lábios. Seus cabelos ruivos brilhavam com o sol que entrava pela janela, e mesmo com os hematomas e cortes, continuava linda.

- Não entendi, Marrie.

- Eu não ligo se você seja um puta de um canalha covarde. Para mim você é um Doutor e um Anjo. Venha se sentar aqui comigo.

- Marrie, acho que você não entendeu o que aconteceu! Eu...

- Eu entendi sim, Sr. Paul. Eu entendi completamente o que você acabou de me dizer. Mas entre passar o resto da minha vida com raiva de você ou amá-lo, eu escolho a segunda opção.

- Marrie...

- Bonitão, se tem alguma coisa que eu aprendi durante o tempo em que fiquei presa, foi perdoar. Nos primeiros meses enclausurada, eu só conseguia odiar “ele”, desejar sua morte, pensar em vinganças terríveis que me fariam sentir prazer. Mas depois, depois eu percebi que não existe sentimento mais forte que o perdão. Porque a cada vez que eu o perdoava, eu sabia que a vida me retribuiria o prazer que eu tanto buscava. E que ele jamais viria por meio de vingança. Ele viria por meio de alegria, de esperança, disso eu tinha certeza. E foi então que eu conheci você, e tudo que um dia eu tinha sonhado, - agora eram os olhos de Marrie que se enchiam de lágrimas. – tudo que um dia eu almejei, e que pensei que jamais aconteceria, aconteceu. E você desistiu de sua vida por mim, Sr. Paul. Eu sei o quanto significou você deixar o Dr. David, o quanto vai lhe causar problemas... E no final das contas, não era para você estar lá naquela hora, não era para você ter visto o que aconteceu. Você pode achar que seja insuportável eu colocar para trás o que você acabou de me dizer. Mas você só diz isso porque não sabe qual é a sensação de deixar o seu amor ir embora porque é incapaz de perdoar. E eu não posso deixar você ir bonitão, não posso porque perdoar... – Marrie gaguejava e chorava. – perdoar é a única coisa além de sexo que eu sei fazer bem.

Eu ainda segurava a maçaneta enquanto ouvia Marrie dizer tudo aquilo. Era impossível de acreditar.

- Marrie, eu não mereço seu perdão.

- Sr. Paul, até os anjos merecem o direito de errar. E merecem a chance de um recomeço.

- Pelo amor de Deus, Marrie! Eu não sou um anjo.

- Mas também não é um demônio! Pare de se culpar! Não foi você que entrou naquela cafeteria no intuito de me estuprar! Não foi você, Sr. Paul! Foi o Dr. David! Ele é quem deveria estar aqui me pedindo perdão! Pare já com isso! E faça-me companhia. Quero passar a mão pelo seu cabelo.

E sem consciência alguma de meus passos, sentei-me ao lado de Marrie, e deixei que ela acarinhasse minha cabeça com seus dedos trêmulos.

- Sabe, bonitão, eu achava que a vida vivia pregando peças na gente, pelo simples prazer de nos ver sofrer. Hoje eu sei que me equivoquei. No fundo, a vida prega peças na gente, porque a gente é capaz de passar por elas e sobreviver com os arranhões. E com as cicatrizes. Eu não preciso de prova de amor para estar ao seu lado, bonitão. Eu só preciso desse cabelo aqui, e tudo estará resolvido.
Nunca me esqueci deste dia. Nem quando meus cabelos ficaram brancos e ralos, nem quando nós passamos o nosso tempo brigando e separados. Eu jamais mudei meu corte de cabelo depois daquele dia. Porque se era dele que Marrie precisava para ser feliz, era exatamente assim que ela ia ter.

E enquanto deixava ela fazer carinho em mim, percebi que nos últimos dias muitas coisas haviam acontecido. Notícias reveladoras, situações malucas e infelizmente trágicas, porém tudo com um propósito principal: era a hora de encarar a verdade. David era um porco, eu era um covarde, e Marrie era perdão. E se quisesse continuar em seu coração, era a hora de provar que eu poderia ser muito mais que um Paul covarde. Que finalmente eu seria o Paul de Marrie.


4 comentários:

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  2. AINDA BEEEEM, NEGA! PAUL CONSEGUIU GANHAR MINHA ADMIRAÇÃO NOVAMENTE...AMEI O CAPÍTULO! COMO TODOS, TRAZENDO NECESSÁRIAS LIÇÕES DE VIDA. PERDOAR É UMA ARTE DE POUCOS, UM SENTIMENTO MUITO PRÓPRIO DE ALMAS REALMENTE NOBRES. PARABÉNS! BEIJOS

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  3. MARRIE PROVOU QUE O PERDÃO É O CAMINHO PARA A FELICIDADES , POIS QUANDO PERDOAMOS OS OUTROS E PRINCIPALMENTE QUANDO PERDOAMOS A NOS MESMOS LIVRAMO-NOS DOS SENTIMENTOS NEGATIVOS E ASSIM SOMOS FELIZES . E MELHOR FAZER ESTA ESCOLHA : SER FELIZ !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! MIL BJOS, ,MAMAE

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