E como alguém que já passara dias e dias a caminhar, chego
ao meu ápice: não preciso mais de pés no chão. E não se engane você que pensa
que de repente criei asas, libertei-me e então me tornei capaz de viajar sem
tocar o chão.
Não, não, muito pelo contrário. Meu estado de espírito não
vem falar de um momento angelical desta vez. Não tenho mais meus pés no chão
por ser tão exaustiva essa caminhada. Precisei me ajoelhar.
E é de joelhos, na forma imaculada da súplica, que sinto
escorrer pela minha face as lágrimas até então perdidas. Lágrimas perdidas,
vindo de um ser que sabe exatamente o caminho a seguir. Lágrimas perdidas não
por estarem no lugar errado, mas o oposto: as lágrimas estão perdidas porque sabem
claramente aonde irão chegar.
Porque em meio a este nosso vocabulário tão restrito, perder
nem sempre significa estar fora trilha. Perder-se é, ás vezes, permanecer-se
aonde se está.
Não quero mais estar aonde estou. Quero perder-me por outro
lugar. E lugares. E todos os plurais que me façam ver a literalidade das
coisas. Quero perder-me por não saber mais aonde estou.
Quero estar literalmente perdida. Que nada mais é que pisar
em lugar aparentemente conhecido e então descobrir que não. Que ele não é. E
que ali ainda há chance para mim.
Que ali ainda há chance para este ser que está ajoelhado,
com tanta vontade de perder-se nos dias, e não mais perder seus dias.
Porque entenda, meu caro, há uma exímia diferença entre
perder-se nos dias e perder seus dias.
Perder-se nos dias é como viver um momento tão exaltadamente
bom que se esquece do tempo, dos compromissos, do resto da vida. Todavia,
perder os dias é desperdiça-los, jogá-los fora, de entrega-los para a rotina e
para tudo aquilo que não é eu. Eu que sou um ser tão perdido.
E não me leve a mal, pois a culpa não é minha. Este
vocabulário restrito é que não possui palavras suficientes para descrever
minhas emoções e então é preciso se usar a mesma palavra pra definir tantas
outras situações. Tantos outros “eus”.
Sinceramente, o que busco nessa posição, de estar de
joelhos, é que minhas lágrimas tão perdidas convidem você por meio deste aviso:
- Estou prestes a ir, Marujo! Venha se perder comigo, ou
então quem perderá a mim, será você.
E não mais eu.
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ResponderExcluirFaço do comentario da Odalisca_Direito_22 os meus , mil beijos, mamãe
ResponderExcluirQUE ENSINAMENTO DE VIDA MARAVILHOSO : " Perder-se nos dias é como viver um momento tão exaltadamente bom que se esquece do tempo, dos compromissos, do resto da vida. Todavia, perder os dias é desperdiça-los, jogá-los fora, de entrega-los para a rotina e para tudo aquilo que não é eu. " TE AMO MUITO , MAMÃE.
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