quarta-feira, 18 de março de 2015

VOLCANO.


Existe um vulcão dentro de mim.
Mas engana-se aquele que quando me encontra espera por fogo, por larva ardente.
Meu vulcão é feito de água, Marujo! Água esta que hoje me mergulho, e me renasço.
Água que sou eu e que também é ela sozinha. Transbordo. Inundo. Também causo estragos.
Por um tempo, confundi minha água, meu vulcão em erupção, com uma tsunami, com a maré alta que surpreende e renova.
Contudo, percebi num piscar de olhos, que uma tsunami não nasce sozinha. Não aparece espontaneamente.
Se quero uma tsunami,  Marujo, devo fazer algo para movimentar este mar. Pois mar parado é mar sem ondas.
E eu que já não estou mais à procura de água mansa, de vida mansa encolhida, de dias passados ao acaso, prendi a respiração e mergulhei neste mar em busca da origem de minha onda-imensidão.
Não precisei de muito tempo para encontrar o caminho certo, bastou que eu mergulhasse para que a água me levasse ao meu destino. Como se o primeiro passo, como se o ato de estar debaixo d’água fossem a única necessidade para estar de encontro com aquele vulcão.
Ali era quente. Quente o bastante para me colocar em dúvida se estava mesmo dentro daquela imensidão de água. Quente o suficiente para colocar em fogo o meu corpo metade gente, metade bicho.
 Explodi. Explodi, não como as coisas etéreas se explodem, ou como quando a raiva toma conta do corpo metade bicho, metade gente.
Ao me aquecer, explodi como quem se deixa ser, quem se deixa ir sem medidas. Como quem absorve. Como quem transcende.
Explodi em vulcão de água. Feito por água. Dentro da água. Criado justamente para libertar dá má-agua. 
Aconteceu justamente quando fechei os olhos e mergulhei, e prossegui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário