sexta-feira, 20 de março de 2015

Minhas raízes


Decidi fincar raízes. Adentrar-me. Penetrar nessa terra com o corpo. Fazer dali a minha morada.
Estive enganada esta vida toda. 
Temia, muitas vezes inconscientemente, o dia em que esta vontade de enraizar chegasse. Achava que dada tal hora, ao ganhar minhas raízes, perderia minha liberdade.
Mas, por ironia do destino, ou com moral de minha pequena história, foi-me mostrado uma realidade diferente: pois ao me plantar naquela terra, entre a grama verde e o subsolo fofo, foi quando pude me restabelecer. Firmar-me. Florescer.
Porque antes não. Antes rolava com a chuva, voava por lugares desconhecidos, machucava-me, e apesar de me considerar flor livre, nunca me sentia alegre o suficiente. No fim das contas, era flor cansada de ser sugada.
E agora, depois que fora convidada a me instalar neste jardim, apesar de meus receios, minhas angústias, minhas bagagens de primaveras passadas, deixei-me regar. Nutri-me. E esperei pelo Sol.
Engraçado foi, que quando o Sol, estrela sublime criadora de nossas alegrias, apareceu, desabrochei. E ao desabrochar, uma brisa perdurou por alguns minutos, e com delicadeza, levou algumas pétalas minhas embora.
Foi gratificante observar aquelas partes - então minhas - indo embora, indo para onde precisavam ir: para longe. Para perto. Contanto que não ficassem comigo.
Foi gratificante para mim saber que para ser livre, não precisava migrar-me, não precisava abandonar os dias, muito menos ser flor.
Entendi que ser livre é criar raízes e estar em paz com elas, e deixar o tempo (ou o vento) levar aquilo que tem chance de se desprender. Para que assim novas pétalas nasçam.
Bom final de semana a todos. J

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